Tenho pensado talvez , em viver mais intuitivo.
Escutar menos os sons das vozes,
pôr o coração na prateleira,
as pálpebras sobre os olhos,
e aquela carta antiga... antiga! Sobre a mesa.
Avisar pros pássaros que tenho os escutado pouco.
esperar pra amanhã, o que tudo se adiantou ontem.
Escutar baixo o som de um piano
e dos passos leves que a delicadeza deixa pela casa vazia.
Pensei em frequentar menos os papéis,
os bares e a solidão.
Crescer um pouco mais se for preciso,
me embebedar pelas esquinas, nem que uma vez só.
Dizer 'foi muito bom'.
Mesmo que não tenha sido.
Se permitir o tempo, escolher alguém
bancar o 'machão' e morrer de medo por dentro.
Pagar demais algo que não valeu o preço
e ver valer depois, pelo sorriso.
Arranjar algum dinheiro,
e algum lugar que dê pra encostar a cabeça quando o sono bater.
Sentir sono, sono demais
e não ter ninguém pra dizer que 'deu'.
Sei lá. Ter um filho quando der na telha.
Dois, se for o caso.
Acordar, acordar demais
e perder toda a calma, como feito antes.
Arranjar cadeiras confortáveis,
aprender à dançar,
uma dança só
e dança-la quando sentirmo-nos sozinhos.
Entender o que é serenidade depois de muitos anos.
Esperar setembro chegar,
trazendo a palidez.
Olhar pro lado,
e descansar naquelas cadeiras,
que há tempos estão velhas.
E deixar que ela venha, com aquele seu sorriso bobo.
Mas sem planos ... sem planos