sexta-feira, 29 de junho de 2012

Eternamente responsável

Vejamos as coisas então desse modo, singular. Perdoe-me se não conto com as palavras confusas com as quais escrevem os poetas, os filósofos, os confusos, mas a escrita me preocupa a cabeça, os dedos parecem enferrujados e a musica inspiradora não parece lá ter tanto mais efeito. Mas é que hoje sem quão nem porquê, razão ou fim, me fiz reparar em você, te olhei no fundo do olho, me deitei em sua alma como quem busca colo, te observei sorrir e como um lunático fiz-me reparar cada uma das linhas que escorrem da sua risada e tudo tão de repente se fez especial, a pele se fez mais sensível e cada toque seu, que no meu corpo já estava, se fez arder dentro de mim. Voltei e tudo era tão devagar, seus olhos se fecharam, como quem solta a mais sincera das risadas, o som diminuído se fazia ondular pelo espaço e eramos tão nós dois, eu e você. Tudo se escurecia, mas de uma forma tão clara, como se aquele preto e branco que tomavam conta do cenário fossem tão naturais, quanto meus olhos se enchiam de água pela simples significância do nosso existir, do nosso haver, e há de ser!
Não sei bem como tudo se deu, ou como se dava naquele particular instante, mas eramos dois, deitados você parecia também reparar em mim e, talvez, você também se questionava de onde emanava aquela sensação, nos questionávamos, mas não nos incomodávamos. Era som o que saía do objeto dentre os meus braços, ao pé do ouvido você gargalhava, gar ga lha va! E eu me enchia de dúvidas ( não daquelas que levam afora a madrugada e perturbam o sono), mas "como?" "Como foi que ela se fez apaixonar por mim?" "Como alguém como eu?" e " de onde é que vem tanta risada garota?". Me fiz vermelho e você nem reparou na lágrima que escorreu do meu olho ao ouvi-la dizer sobre o quanto as minhas feições involuntárias te faziam feliz.
Não sei em que se deu a lentidão, o som ondulado, sua risada forte ou o preto e branco, ainda não reparei  se deixei de vive-los, se ficaram pra trás, se são agora a realidade ou um grande sonho fantasioso, vai ver me acostumei os olhos, ouvidos e pele a eles, a você, vai saber.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A canção da partida.

Enquanto você se for, eu me vou.
Me vou com as lembranças.
Me vou com as premissas de um futuro bom.
E com um caminho brilhantado, de um amigo fiel deste coração.

Vai-te, com fé nestes pés,
com confiança nas mãos.
Leva tudo o que te tenho guardado, dentre essas malas.
Leva esse, teu pedaço, de mim.

Guarda o que, nesse tempo, lhe fez crescer,
e se na tua intuição for necessário,
deixe pra trás as lágrimas, as dores e os incógnitos que a vida lhe reservou do meu lado.

Se for também da tua intuição,
deixa os sorrisos, as conversas, deixa os amores, a paz e a plenitude que lhe foram dadas na vida aqui,
 pra trás.

Deixa pra trás, que as recolho do chão
 e guardo no baú de tesouros,
 que a nossa amizade montou, peça por peça.

E pra quando resolver voltar,
seu primeiro sorriso, abraço e carinho será do meu pro teu.
Do meu pro teu coração, que você deixou partido.
                                                                                              Sentirei sua falta.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A palpitar nós (música)

Te acalma meu bem que da tua boca eu não vou pedir poesia.
Te acalma meu bem, que ainda é cedo pra reclamar da vida,
que é triste o quanto espero pra te ver,
dói cada segundo sem você.

Que a melancolia tomou conta de nós
e o tempo conspira pra nos deixar a sós.
Cada toque que não é seu,
deixa o amargo a palpitar os nós

Abre a porta e corre aqui pra ver,
o frio que corta a respiração.
E o sangue pendente do sim ou não.
Te por no limite para ver,
até onde o teu amor vai por mim.

segunda-feira, 5 de março de 2012

05 de fevereiro

Estáticos admiravam um ao outro, palideciam os olhares com lágrimas. Ele tremia, enquanto forçava parecer o mais tranquilo e frio possível. As mãos tremulavam com as dela, a fala saía escassa e o concesso da felicidade radiava entre seus sorrisos sobrepostos pela nervosia causada por aquele sentimento novo, mas já conhecido. 
A tarde crescia cinza e amarelada, as luzes dos postes ,já acesos, se confundiam com a fresta de luz deixada pelo sol. A claridade lhes confundia os olhos, organizavam-se um em frente ao outro a fim de evitar incômodos, a proximidade dos corpos lhes causava aconchego, calor . . . 
Os olhos dela levitavam e acompanhavam o movimento exato dos lábios que serenamente diziam palavras doces. Ele olhava pra baixo, analisava involuntariamente as curvas de suas pernas e a forma engraçada que sua sombra se colocava diante à dela.
Travavam-lhe as palavras dentro da boca, tremiam-lhe os lábios superiores e levantava a sobrancelha esquerda de vez em quando por indignação de não saber ao exato o que dizer. Parava às vezes e suspirava, ela sorria e apertava-lhe as mãos como gesto de compreensão.
O silêncio lhes tocou por um segundo, o vento frio que por hora batia ajudou a afirmar o arrepio que dos dois tomava conta e os olhos finalmente se viram. Há pessoa que passam anos ou a vida inteira a procurar olhos assim, tão próximos, tão simétricos. Esqueceram-se por cem anos dentro do olhar um do outro, esqueceram do tempo, do perpetuar de antes, viveram uma eternidade dentro de alguns segundos.
Abaixou levemente a cabeça pela esquerda, arrastou os lábios por suas bochechas, segurou fortemente suas mãos mais uma vez, puxou seu peito para perto do dele, até que estivesse devidamente posto bem ao lado do seu ouvido, os olhos se fecharam, todos os quatro, e de seus lábios saiu um suspiro que deixou seus corpos ainda mais perto um do outro. Disse cada palavra com o maior cuidado possível, com toda a delicadeza, como se retirada do primeiro poema já feito.
_ Eu te amo._Arrastou de volta sua boca por suas linhas, tombaram novamente seus rostos e se encontraram nos lábios uns dos outros, encontraram e perderam-se, pra sempre.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Epifanicamente

 Vendo o luar embaçado, epifanicamente imaginando, a mesma mesa servindo da lua um pouco da sua luz, duas garrafas de um bom Whisky encostadas ao canto, alguns copos sobre a mesa, lá dentro o barulho agudo de vozes de crianças, o som do violão abafado pelas risadas, feições diferentes, mas os mesmo rostos, cultivadas as gargalhadas e os sorrisos. Sustentados pela riqueza da vida que , pra nós, passa devagar , devagar ...
 Os rostos se envelheceram, os corpos se envelheceram, a alma não. Ainda são jovens nossos olhos, ainda somos uma dúzia de moleques gargalhando da comodidade da vida alheia, a qual nunca nos entregamos.
Os olhares são como fontes da juventude e durante nossos momentos de paz o tempo não passa, somos intactos à calamidade do envelhecimento por cinco ou seis horas, mesmo depois de tanto já passado.
 Os gritos insinuantes de felicidade não deixam espaço para reflexão, mas há o consenso no ar, foi escolhido o caminho desejado, foram feitas as escolhas certas, foram vividas as esperanças que tínhamos no livro singular apossado no âmbito da vida, aprimoramos cada alma com sua devida singularidade e vivemos espontaneamente todas as vezes em que o sol raiava na longa encosta da serra. Trilhamos o caminho que queríamos, vivemos a vida do jeitinho que tinha que ser, do 'nosso' jeitinho.
 Um brinde a toda amizade rara!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pretinha

Se é que queres viver só de solidão, deixe-me ser toda tua tristeza, sua alegria, me deixa agoniar ao vento toda a felicidade! Vai ver é só gritar ao céu o preço de um futuro bom. Grita que preciso de você! Grita à noite, o resplendor de nós, da nossa essência. É tempo novo meu bem.
Passei pra deixar meu ver, pra te deixar a par, encostado à mesa, nada essencial, mas é de suma importância, se quiser é teu, de bom grado e bom modo. Tá ali também o teu, que já era , o teu peito, o meu peito, haja lá o que se faz de tanta confusão!
Seu perfume tá em toda minha camisa, em todo meu estar. Diria que, o cheiro de violetas, se não fosses minha rosa e não fosse só teu esse perfume. Trouxe lá fora o estar de bem viver, trouxe carregado pelo vento, afinal é tão leve, que nem de braços se precisa, leve e fácil. Sou seu meu amor, só seu.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Aonde é

Você acabou de sair, do quarto, da casa, deixou tua estadia por aqui e me disse que já volta, com aquele sorriso pequeno e os olhos que você diz tão profundos. Disse que voltava cedo, que pra eu não me aguar de saudade, ah ! Mas minha querida, os segundos sem teu toque são quase tão eternos quanto os com ele, o teu silêncio quase tão alto quanto minha voz, quase tão harmoniosa quanto sua calma, quase tão lenta quanto nossa precipitação, quase tão inexistente quanto nossa pressa.
Aonde é que você foi? Aonde é que você vai? Aonde é que arranja tanto peito? Tanta alma? Oh meu bem, que foi que se deu com o vento que por aqui passou e fez a gente se perder de nossas próprias manias minuciosas, que foi que fez com toda displicência, inquietude. Que foi que você fez com aquele vendaval? Com o céu fechado? Como foi que se tornaram gotas de amor aquela chuvarada?
Que foi que você fez meu bem. Oh meu bem, que foi que você fez.