quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Epifanicamente

 Vendo o luar embaçado, epifanicamente imaginando, a mesma mesa servindo da lua um pouco da sua luz, duas garrafas de um bom Whisky encostadas ao canto, alguns copos sobre a mesa, lá dentro o barulho agudo de vozes de crianças, o som do violão abafado pelas risadas, feições diferentes, mas os mesmo rostos, cultivadas as gargalhadas e os sorrisos. Sustentados pela riqueza da vida que , pra nós, passa devagar , devagar ...
 Os rostos se envelheceram, os corpos se envelheceram, a alma não. Ainda são jovens nossos olhos, ainda somos uma dúzia de moleques gargalhando da comodidade da vida alheia, a qual nunca nos entregamos.
Os olhares são como fontes da juventude e durante nossos momentos de paz o tempo não passa, somos intactos à calamidade do envelhecimento por cinco ou seis horas, mesmo depois de tanto já passado.
 Os gritos insinuantes de felicidade não deixam espaço para reflexão, mas há o consenso no ar, foi escolhido o caminho desejado, foram feitas as escolhas certas, foram vividas as esperanças que tínhamos no livro singular apossado no âmbito da vida, aprimoramos cada alma com sua devida singularidade e vivemos espontaneamente todas as vezes em que o sol raiava na longa encosta da serra. Trilhamos o caminho que queríamos, vivemos a vida do jeitinho que tinha que ser, do 'nosso' jeitinho.
 Um brinde a toda amizade rara!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pretinha

Se é que queres viver só de solidão, deixe-me ser toda tua tristeza, sua alegria, me deixa agoniar ao vento toda a felicidade! Vai ver é só gritar ao céu o preço de um futuro bom. Grita que preciso de você! Grita à noite, o resplendor de nós, da nossa essência. É tempo novo meu bem.
Passei pra deixar meu ver, pra te deixar a par, encostado à mesa, nada essencial, mas é de suma importância, se quiser é teu, de bom grado e bom modo. Tá ali também o teu, que já era , o teu peito, o meu peito, haja lá o que se faz de tanta confusão!
Seu perfume tá em toda minha camisa, em todo meu estar. Diria que, o cheiro de violetas, se não fosses minha rosa e não fosse só teu esse perfume. Trouxe lá fora o estar de bem viver, trouxe carregado pelo vento, afinal é tão leve, que nem de braços se precisa, leve e fácil. Sou seu meu amor, só seu.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Aonde é

Você acabou de sair, do quarto, da casa, deixou tua estadia por aqui e me disse que já volta, com aquele sorriso pequeno e os olhos que você diz tão profundos. Disse que voltava cedo, que pra eu não me aguar de saudade, ah ! Mas minha querida, os segundos sem teu toque são quase tão eternos quanto os com ele, o teu silêncio quase tão alto quanto minha voz, quase tão harmoniosa quanto sua calma, quase tão lenta quanto nossa precipitação, quase tão inexistente quanto nossa pressa.
Aonde é que você foi? Aonde é que você vai? Aonde é que arranja tanto peito? Tanta alma? Oh meu bem, que foi que se deu com o vento que por aqui passou e fez a gente se perder de nossas próprias manias minuciosas, que foi que fez com toda displicência, inquietude. Que foi que você fez com aquele vendaval? Com o céu fechado? Como foi que se tornaram gotas de amor aquela chuvarada?
Que foi que você fez meu bem. Oh meu bem, que foi que você fez.